sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Uma linda orla
orna 
a mórbida geografia
dos Caetés
de viés
nas marés
quiça uma vida
uma saída
uma pista sobre a feliz utopia
de um dia
não sermos ilhas
a milhas de distância

sábado, 3 de novembro de 2012


Sentou-se no parapeito, os pés soltos no ar,
e decidiu escrever uma ode aos lábios fartos de Consuelo. 
Valeriana trazia um humor suicida naquela tarde.
Seus olhos contemplavam o asfalto abandonado
no sussurro monocórdico da cidade ao longe.

domingo, 7 de outubro de 2012

Marte

Abri mão de minhas armas
querido marte
e é assim que me recebes? Aniquilando meu amor.
É assim Marte, que se faz a glória?
Foda-se a sua glória. É no estômago que sinto sua dor e em meu pau
latejando a sua ausência
Marte, quantas mortes serão necessárias para você entender que te amo?
Quantos sonhos inacabados e quantas lembranças doloridas poderão iludir nosso trágico destino?

A lembrança de tuas ancas dilacera minhas ilusões de dias tranqüilos
Marte, as criancinhas já não são tão inocentes
elas se embriagam em festas de família e seus pupilos dão o cu em becos sujos para cafajestes recalcados
Marte, fudeu tudo e só agora, quando mais dependo de você, é que me diz que acabou tudo?
Vá a merda com sua filosofia holística, ao caralho com sua religião tábua de salva vidas
Eu quero é ver meu espirito em gozo celestial, nosso espirito em êxtase copulando na sacristia decadente dos puristas
Marte marte, senhor da guerra
Você tinha que ser tão incisivo
tão impiedoso?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012


Duas da manhã e o álcool queima ainda mais em meu juízo volátil. Dormir é uma coisa desesperadamente absurda e não há absolutamente nada pra fazer nessa cidade deserta e moribunda. Entendo agora o suplício dos loucos ao despontar da lua no horizonte e a libido insaciável dos maníacos. Entendo a febre espreitando como sombra a inquietude dissonante da noite profunda. A cidade arma seu cenário em um teatro de sombras  e abre suas entranhas para prazeres desconhecidos. Corre a máscara do fauno em mãos vacilantes desenhando sorrisos violentos em lábios inflados de desejos dissimulados e escárnio. Oh como somos todos vítimas dessa tão infinita busca.

sábado, 21 de julho de 2012

Um estranho observa  
Criaturas da noite 
Copulando sob nuvens espessas 
As luzes da cidade 
Derretem no asfalto molhado

sábado, 14 de julho de 2012

Rota de fuga

Sinto um impulso latente
Látex de limão
No calor de seus lábios
Rítmico
Rimos
Tímidos

segunda-feira, 16 de abril de 2012


O brilho em estéreo de seus olhos só enfatizava os lábios fartos, macios e com gosto de café. Foi assim que se conheceram e assim ficaria em suas lembranças.
Caíram ambos em suas armadilhas sutis e delicadamente construídas para os futuros redundantes.