Duas da manhã e o álcool queima
ainda mais em meu juízo volátil. Dormir é uma coisa desesperadamente absurda e
não há absolutamente nada pra fazer nessa cidade deserta e moribunda. Entendo agora
o suplício dos loucos ao despontar da lua no horizonte e a libido insaciável
dos maníacos. Entendo a febre espreitando como sombra a inquietude dissonante
da noite profunda. A cidade arma seu cenário em um teatro de sombras e abre suas entranhas para prazeres
desconhecidos. Corre a máscara do fauno em mãos vacilantes desenhando sorrisos
violentos em lábios inflados de desejos dissimulados e escárnio. Oh como somos
todos vítimas dessa tão infinita busca.