quarta-feira, 20 de novembro de 2013

recorte

Valeriana espreita na esquina, com seu olhar suicida
quase sensual
quase sério
quase totalmente desnuda de qualquer ilusão.
O neon ofusca sua melancolia
ora verde, ora vermelho
naquela noite abafada e monótona.
No outro lado da cidade
seu amor desliza meio ébrio
meio louco
entre os coqueirais da orla suja
mas bonita e turística, altruística
na intensidade dos flashes dos carros que zunem
e zoam do silêncio quase etéreo da madrugada
Seu amor sorri para os passantes
com sua natureza habitual, banal.

domingo, 27 de outubro de 2013

pela liberdade de inspiração
libertinagem da respiração
libidinagem da fricção
liberalidade da liberação
e por que não
pela liberdade de expressão?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Livre-se dos utopismos bárbaros
Das livres associações de ideias clandestinas
Dos distúrbios psicológicos
Dos eflúvios sociais banais
Livre-se do eu e do tu
Livre-se da escoria decadente dos direitos humanos
Dos direitos mundanos
Estes não precisam de direitos, eles são
Livre-se do livre arbítrio
Este não lhe cabe, ainda
Livre-se dos desejos de igualdade, fraternidade e o caralho
Alguns simplesmente só merecem se foder
Livre-se e seja livre de si
Porque nada desce redondo
Nada se sustenta senão na dor dos miseráveis
Moscas sobre essa grande merda social e egocentrada
Quebre o espelho
Quebre tudo
Não precisamos mais disso!

terça-feira, 21 de maio de 2013


O aroma verde da seiva do cinamomo toca meu rosto a 60 km/h e se confunde com o cheiro de gasolina que evapora do motor ardendo entre minhas pernas. Seu ritmo destila a gasolina em contratempos, como a virtuose de algum jazz das periferias do passado Tum Tum dum Tum Tum...
O asfalto se desnuda lânguido, sinuoso sob a luz parda do meu farol, mostrando suas curvas em ângulos distorcidos que me embalam em sua mística força cinética... sinestesia... vagalumes elétricos se esquivam entre os carros.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Consuelo vê seus sentimentos vandalizados no pudor oblíquo dos dias desbotados
Amantes se tornam estranhos em dias como esses
E nem a doçura dos seus olhos alivia o amargo na língua
Seu espírito livre foi traído pela mediocridade do destino
Esse velho estúpido e sem senso de humor
Nem mesmo o sorriso sarcástico de uma puta
Quebraria tal solenidade fúnebre e patética do destino