70 graus de anís
Forte
A fada aparece no vidro verde
Verte-se nos cristais de açúcar
E derrete na língua dormente
“não deixe que a vida separe o que a morte une”
Ela diz para a flor que em tão breve momento experimenta a vida
fricção fictícia
domingo, 28 de agosto de 2016
domingo, 16 de agosto de 2015
Na estrada Bia e Bete mantinham o ritmo no banco de trás e
quando Bete gritava "mais rápido" eu pisava no acelerador
sem saber exatamente se era comigo provavelmente não
mas quem ligava? A velocidade nos libertava e o verde
cintilante da paisagem nos abraçava enquanto "High way to
hell" saia feito louca das caixas de som música que parecia
traduzir nossa volta a Maceió Nessa época ainda
acreditávamos nos guetos como universos paralelos em
uma cidade devastada pela mediocridade que jorrava em
seus esgotos até a praia.
quando Bete gritava "mais rápido" eu pisava no acelerador
sem saber exatamente se era comigo provavelmente não
mas quem ligava? A velocidade nos libertava e o verde
cintilante da paisagem nos abraçava enquanto "High way to
hell" saia feito louca das caixas de som música que parecia
traduzir nossa volta a Maceió Nessa época ainda
acreditávamos nos guetos como universos paralelos em
uma cidade devastada pela mediocridade que jorrava em
seus esgotos até a praia.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Gravata rosa. Pescoço de pião. Putas no asfalto. Lixo nos limites da cidade. Ponto cego. Prazeres mundanos. Chuva que lava o sangue na calçada. Criança chupando pirulito. Rosa. Pescoço de puta. Gravata nos limites. Prazeres cegos. Ponto mundano. Sangue na gravata. Chuva no lixo. Rosa de pião. Pescoço de criança. Asfalto rosa. Prazeres de criança. Puta chupando pescoço de pião. Pirulito de sangue. Calçada de prazeres. Lixo nos limites do pescoço.
domingo, 11 de maio de 2014
Valeriana mantém seus passos em linha reta com dificuldade, enquanto desliza pelo asfalto molhado. Fecha um olho para enxergar melhor e esconjura alguns deuses.
Acenderia um cigarro, se ainda tivesse algum, faria sexo, se ainda tivesse alguém, e até se sentiria feliz... se tivesse alguma... e põe-se a cantar nas intermitências das faixas brancas do meio da rua, senta no meio-fio e mija em seu destino.
Acenderia um cigarro, se ainda tivesse algum, faria sexo, se ainda tivesse alguém, e até se sentiria feliz... se tivesse alguma... e põe-se a cantar nas intermitências das faixas brancas do meio da rua, senta no meio-fio e mija em seu destino.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
... E então a mais desprezível das criaturas
se olha no espelho e vê que uma veia carnuda ressalta
de seu bíceps e que seu bíceps não é tão desprezível assim.
De fato, seu bíceps até que era bem torneado e seus braços
eram como grandes falos pulsantes e até interessantes.
E a criatura desprezível nem era tão desprezível assim,
com sua silhueta nada monótona à luz das lâmpadas fosforescentes.
Silhuetas com curvas e declives que surpreendiam a monotonia aguada da linearidade asséptica do previsível.
A criatura desprezível, de repente, passou a não se sentir desprezível, mas desejável e consumível e, consequentemente, descartável.
No fim, a criatura desprezível não era mais desprezível, mas descartável.
Como um louca, a criatura desprezível começa a perceber o mundo e as pessoas.
Como uma louca decepcionada, a criatura desprezível ignora o mundo e, como uma louca, ignora a criatura desprezível em si. Livre em sua prisão ignora a ignorância.
se olha no espelho e vê que uma veia carnuda ressalta
de seu bíceps e que seu bíceps não é tão desprezível assim.
De fato, seu bíceps até que era bem torneado e seus braços
eram como grandes falos pulsantes e até interessantes.
E a criatura desprezível nem era tão desprezível assim,
com sua silhueta nada monótona à luz das lâmpadas fosforescentes.
Silhuetas com curvas e declives que surpreendiam a monotonia aguada da linearidade asséptica do previsível.
A criatura desprezível, de repente, passou a não se sentir desprezível, mas desejável e consumível e, consequentemente, descartável.
No fim, a criatura desprezível não era mais desprezível, mas descartável.
Como um louca, a criatura desprezível começa a perceber o mundo e as pessoas.
Como uma louca decepcionada, a criatura desprezível ignora o mundo e, como uma louca, ignora a criatura desprezível em si. Livre em sua prisão ignora a ignorância.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
recorte
Valeriana espreita na esquina, com seu olhar suicida
quase sensual
quase sério
quase totalmente desnuda de qualquer ilusão.
O neon ofusca sua melancolia
ora verde, ora vermelho
naquela noite abafada e monótona.
No outro lado da cidade
seu amor desliza meio ébrio
meio louco
entre os coqueirais da orla suja
mas bonita e turística, altruística
na intensidade dos flashes dos carros que zunem
e zoam do silêncio quase etéreo da madrugada
Seu amor sorri para os passantes
com sua natureza habitual, banal.
quase sensual
quase sério
quase totalmente desnuda de qualquer ilusão.
O neon ofusca sua melancolia
ora verde, ora vermelho
naquela noite abafada e monótona.
No outro lado da cidade
seu amor desliza meio ébrio
meio louco
entre os coqueirais da orla suja
mas bonita e turística, altruística
na intensidade dos flashes dos carros que zunem
e zoam do silêncio quase etéreo da madrugada
Seu amor sorri para os passantes
com sua natureza habitual, banal.
domingo, 27 de outubro de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Livre-se dos utopismos bárbaros
Das livres associações de ideias clandestinas
Dos distúrbios psicológicos
Dos eflúvios sociais banais
Livre-se do eu e do tu
Livre-se da escoria decadente dos direitos humanos
Dos direitos mundanos
Estes não precisam de direitos, eles são
Livre-se do livre arbítrio
Este não lhe cabe, ainda
Livre-se dos desejos de igualdade, fraternidade e o caralho
Alguns simplesmente só merecem se foder
Livre-se e seja livre de si
Porque nada desce redondo
Nada se sustenta senão na dor dos miseráveis
Moscas sobre essa grande merda social e egocentrada
Quebre o espelho
Quebre tudo
Não precisamos mais disso!
Das livres associações de ideias clandestinas
Dos distúrbios psicológicos
Dos eflúvios sociais banais
Livre-se do eu e do tu
Livre-se da escoria decadente dos direitos humanos
Dos direitos mundanos
Estes não precisam de direitos, eles são
Livre-se do livre arbítrio
Este não lhe cabe, ainda
Livre-se dos desejos de igualdade, fraternidade e o caralho
Alguns simplesmente só merecem se foder
Livre-se e seja livre de si
Porque nada desce redondo
Nada se sustenta senão na dor dos miseráveis
Moscas sobre essa grande merda social e egocentrada
Quebre o espelho
Quebre tudo
Não precisamos mais disso!
terça-feira, 21 de maio de 2013
O aroma verde da seiva do
cinamomo toca meu rosto a 60 km/h e se confunde com o cheiro de gasolina que
evapora do motor ardendo entre minhas pernas. Seu ritmo destila a gasolina em contratempos,
como a virtuose de algum jazz das periferias do passado Tum Tum dum Tum Tum...
O asfalto se desnuda lânguido,
sinuoso sob a luz parda do meu farol, mostrando suas curvas em ângulos
distorcidos que me embalam em sua mística força cinética... sinestesia...
vagalumes elétricos se esquivam entre os carros.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Consuelo vê seus sentimentos vandalizados no pudor
oblíquo dos dias desbotados
Amantes se tornam estranhos em dias como esses
E nem a doçura dos seus olhos alivia o amargo na língua
Seu espírito livre foi traído pela mediocridade do
destino
Esse velho estúpido e sem senso de humor
Nem mesmo o sorriso sarcástico de uma puta
Quebraria tal solenidade fúnebre e patética do destino
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