quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De passagem

Ele respira fundo, mas bem fundo mesmo, e, então, pula, fuuuvvv... Lembrava, durante seu vôo particular e intimo, muito intimo, da frase que colocara em um de seus vídeos: “O amor... é um salto sem redes”, o frio na barriga e bummm.
Livrara-se de todas as sentenças que o prendera durante todos aqueles anos, livrara-se de um ele que ele não suportava, mas que deixara crescer por conveniência e que agora ficara para trás. Agora era só ele, e só.

A água era salgada e deliciosamente fresca, e, estranhamente, lembrava os lábios dela no dia em que chorava seu amor, assim, abraçados, com os rostos colados, e felizes. O silêncio só o abraçava naquela ausência de peso, e exagero de cores. Seu coração agora batia mais calmo e foi numa espécie de lembrança uterina que ele se percebeu sorrindo, e foi assim que ele se percebeu indo. Pra onde, não importava. Gostou daquela luz que brilhava lá fora.

3 comentários:

mandy disse...

pra onde nunca importa, essas luzes sempre acabam nos guiando pra onde devemos estar.

bzzzz. disse...

e somos guiados para o abismo, seja ele adorável ou amargo. com ou sem as redes.
e aqui jazz o amor...

Amanda Gomes disse...

Sabe, ao reler esse texto, comecei a viajar e pensar: "Como ele lembra Sartre", particularmente, lembra "Idade da razão": "lembrança uterina".

A parte que mais gosto é "Agora é só ele, e só". Acho que me identifico muito com a ideia do texto de autonomia, mais do que com a de liberdade... É como se eu proferisse as palavras, sabe?!: "Agora sou só eu, e só...'